Prova está marcada para 21 de novembro; funcionários dizem que Equipe de Tratamento para Incidentes, responsável por gerir imprevistos no dia da prova, não foi chamada. G1 aguarda posicionamento do instituto.
Servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), denunciam o risco de prejuízos durante a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcada para o dia 21 de novembro. O motivo, segundo eles, é a "falta de comando técnico" da presidência do Inep.
Durante um ato, em frente ao prédio do instituto, em Brasília, na tarde desta quinta-feira (4), um grupo de funcionários denunciou que a atual gestão promove um "clima de insegurança e medo".
O g1 questionou o Inep, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. De acordo com os relatos dos servidores, a aplicação das provas do Enem – marcadas para daqui a pouco mais de duas semanas – está sendo elaborada sem a atuação das Equipes de Incidentes e Resposta (ETIR), por decisão "arbitrária e unilateral" de pessoas com cargos de chefia, ligadas à presidência do instituto, comandada por Danilo Dupas. O grupo que fez o protesto conta que os técnicos do Inep não estão sendo ouvidos. A Associação dos Servidores (Assinep) disse que vai enviar um relatório de denúncias sobre os problemas para os parlamentares federais.
Riscos para o Enem
As Equipes de Incidentes e Resposta, que em outras edições do Enem participaram do planejamento do exame, são responsáveis por articular estratégias em caso de imprevistos durante a avaliação.
"São grandes operações, com centenas de participantes, que demandam uma resposta rápida no dia da aplicação [da prova], para que você não prejudique o direito daquele participante", diz um servidor, que prefere não se identificar.
O funcionário, que atua no instituto há 14 anos, explica que é a ETIR que planeja, por exemplo, qual é a estratégia de ação caso falte energia elétrica em uma das unidades de aplicação a prova, ou algum acidente. "É uma operação centralizada, com comando e controle muito forte, e quem faz isso é essa equipe de tratamento de incidentes", diz o servidor.
"O presidente do Inep está desmontando essa estrutura e é essa a gravidade que tem feito com que vários servidores fiquem apavorados", diz um técnico do Instituto Anísio Teixeira.
A atual gestão do Inep é a quinta durante o governo Jair Bolsonaro (sem partido). O órgão é vinculado ao Ministério da Educação (MEC), que também passou por quatro substituições neste ano e, atualmente, é comandado por Milton Ribeiro.
Um outro servidor do Inep, que também prefere não se identificar, se queixa da "instabilidade" gerada pelas consecutivas trocas.
"A gente sempre teve uma relação de confiança com a gestão. A gente tenta, na medida do possível, seguir aquela diretriz. Temos protocolos, regras, que garantem que as coisas funcionem de maneira técnica. Quando essas regras começam a ser relativizadas, a gente começa a ter problemas", diz o funcionário.
Em setembro, faltando dois meses para a aplicação do Enem, o diretor de tecnologia do instituto, Daniel Miranda Pontes Rogério, pediu demissão do cargo. Desde então, não houve substituição oficial do cargo, de acordo com a Associação dos Servidores do Inep (Assinep) .
"Sua saída deveu-se à dificuldade para vencer obstáculos relacionados, sobretudo, à falta de pessoal, ao grande número de demandas e, por consequência, à elevada sobrecarga de trabalho dos profissionais, principalmente para o desenvolvimento de sistemas", disse a associação em nota.
Críticas
Além da troca de comando, outros fatores geram críticas por parte dos funcionários do Inep. Entre eles a ausência da aplicação do Enem nas metas globais do Inep, em portaria assinada pelo presidente atual em maio, além da intenção de terceirizar funções do órgão, como a formulação das questões da avaliação.
Em nota divulgada nesta quinta-feira (4), a Assinep afirma que "na maioria das reuniões, o Presidente exalta as facilidades e os resultados da iniciativa privada, em clara comparação ao serviço público".
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