Silvana, artesã paraibana, é casada com um ucraniano e mora em Mariupol, que está sendo bombardeada pelos russos.
“Se ela tivesse morrido ela teria vindo me dar um aviso, ela tinha vindo me dar um abraço”. A fala é da mãe da artesã Silvana Pilipenko, brasileira que mora na Ucrânia e está sem falar com a família desde o dia 3 de março. Dona Antônia, que mora na Paraíba, tem esperanças de encontrar a filha de 54 anos que é artesã e casada com um ucraniano há 27 anos. Familiares de Silvana contaram ao g1 mais sobre a vida da paraibana e a relação dela com a Ucrânia. A trajetória dela na Ucrânia começou em 1995, quando se casou com o ucraniano Vasyl Pilipenko, capitão da marinha mercante. Eles se conheceram em uma festa no Porto de Santos, em São Paulo, e, depois de dois meses, se casaram na Paraíba. Na festa de casamento não quis presentes. “Não quero porque tenho tudo que preciso em uma casa”, relembra a mãe. Ao invés disso, pediu cestas básicas para os convidados e assim, fez várias doações. Uma mulher engajada, Silvana tinha hábito de ajudar ONGs e hospitais de João Pessoa, como o Hospital Napoleão Laureano e a Casa da Criança com câncer.
Logo depois, ela foi para o país e desde então, vivia entre o Brasil e Ucrânia, sempre visitando a família. "Havia períodos que ela ficava há uns dois anos lá, havia períodos que ela passava dois meses... era de acordo com a vontade dela mesmo", explica Maria Beatriz Vicente, sobrinha de Silvana.
Segundo Beatriz Vicente, Silvana é uma segunda mãe. "Uma mulher extremamente inteligente, dedicada, amorosa (...) ajudou a me criar né? Juntamente com a minha mãe que é irmã dela", relata.
Inicialmente, ela morava na cidade portuária de Odessa, onde o marido trabalhava, mas atualmente estava em Mariupol, onde mora sua sogra, que precisa de cuidados por conta da idade avançada.
Silvana sempre foi muito inteligente e gostava de estudar, conforme a sobrinha. Aprendeu sozinha russo, inglês, espanhol e outros idiomas. Com o tempo, a família também passou a visitar a Ucrânia.
"Lá é um país maravilhoso, um pessoal muito diferente, mas não deixam de ser pessoas maravilhosas também, muito interessante", relata Beatriz.
Silvana tem um filho de 26 anos chamado Gabriel. Ele é engenheiro naval e assim como o pai também trabalha na Marinha Mercante, como segundo oficial.
Beatruz explica que o primo não estava no país antes da guerra começar, já que estava embarcado na ilha de Taiwan a trabalho. Porém, com o sumiço da mãe, ele foi para Alemanha, tentar de alguma forma entrar na Ucrânia e assim, conseguir informações de Silvana.
"A gente tá bem preocupado. Tentando ter alguma notícia, alguma movimentação no nosso governo, mas no geral, a gente está tentando focar nessa situação, tentando auxiliar de alguma forma e não entrar em desespero, porque não vai auxiliar no momento. Então é se mobilizando, procurando visibilidade... tudo isso para ajudar de alguma forma", disse Maria Beatriz.
A situação em Mariupol
Mariupol é uma cidade portuária no leste da Ucrânia e que está sob cerco do exército russo desde 28 de fevereiro. Autoridades ucranianas explicam que o fechamento do município pelas tropas russas faz com que a população fique sem acesso a água, energia e gás para aquecimento, além de dificultar a saída dos civis, que são interceptados pelas tropas da Rússia.
O desaparecimento
O último contato de Silvana Pilipenko com a família foi no dia 3 de março, quando disse que a cidade estava começando a ser atacada e sofria com quedas de energia. Um vídeo com notícias foi enviado à família no dia 2 de março.
Na segunda-feira (14), o conselheiro presidencial da Ucrânia, Oleksiy Arestovych, disse que mais de 2.500 moradores da cidade haviam morrido desde que a Rússia invadiu o país em 24 de fevereiro. As informações foram repassadas para Oleksiy pela administração da cidade. Imagens registradas por satélites da empresa americana Maxar mostraram a destruição causada por bombardeios russos em Mariupol.
Na última segunda, segundo a administração de Mariupol, um grupo de 160 carros com civis finalmente conseguiu deixar a cidade por meio de corredores humanitários.
fonte: G1_PB
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