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Foto do escritorDiário do Brejo

Por reeleição, farra do 'pacote de bondades' de Bolsonaro chega a R$ 200 bilhões

Tudo pela reeleição: governo Bolsonaro saiu da retranca e foi ao ataque da gastança em busca de votos, torrando recursos que não estavam no orçamento, aumentando os gastos e reduzindo a arrecadação, uma bomba-relógio fiscal que tem prazo para estourar no último dia do mandato e será herdada pelo próximo presidente



Poucas semanas antes da eleição de 2018, o presidente de um grande banco estrangeiro no Brasil me disse com todas as letras: “Nós não só vamos apoiar o Bolsonaro, mas bancar a campanha dele. Dinheiro não vai faltar”.


O avalista desta aposta do mercado no futuro presidente seria o seu super ministro da Economia, Paulo Guedes, já chamado de “Posto Ipiranga”, o carro-chefe de um governo anunciado como “conservador nos costumes e liberal na economia”.


Conservador nos costumes, sem dúvida, promovendo um retrocesso de décadas nas políticas públicas, mas liberal na economia deixou de ser quando Bolsonaro entregou as chaves do cofre ao Centrão, em troca de proteção contra os pedidos de impeachment, e transformou Guedes num reles frentista sem poder.

Três anos e meio depois dessa conversa com o banqueiro, também não falta dinheiro para a campanha de reeleição de Bolsonaro.


Só que agora o dinheiro vem diretamente dos cofres públicos, aplicado na veia dos eleitores pelo “pacote de bondades” do governo, que não para de crescer, podendo o gasto extra do orçamento chegar a algo entre R$ 160 e R$ 200 bilhões.


Enquanto se discute se um eventual governo do PT vai revisar ou revogar o “teto de gastos”, o pau da barraca de Paulo Guedes já foi chutado para o alto faz tempo pelo Centrão, e a farra fiscal anunciada até o final deste ano terá efeitos nos seguintes.

Tem de tudo no pacotão bolsonarista, a última tentativa para reverter os resultados das pesquisas negativas para o presidente, a menos de 100 dias da eleição.


Começou com o Auxílio Brasil, o novo nome do Bolsa Família, com o valor de R$ 400, a um custo que passou de R$ 35 bilhões para R$ 90 bilhões por ano, e agora pode subir para R$ 600, aumentando o rombo em mais 20 bilhões.


Depois, veio a redução de 25% no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o limite de 17% no ICM (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), que será rachado com os Estados e provocará uma perda de arrecadação orçada em outros R$ 20 bilhões só para o governo federal.


E assim foi indo, com a inclusão de novas bondades: 13º salário para aposentados, subsídios para o pix-caminhoneiro, no valor de R$ 1 mil por mês, e o auxílio-gás para famílias de baixa renda, ao custo de mais R$ 5 bilhões, sem falar no aumento de 5% para todo o funcionalismo, que por enquanto está suspenso.

A toque de caixa, tudo deve ser aprovado ainda esta semana para as medidas poderem entrar em vigor no mês de julho.


Perdido por perdido, o governo resolveu sair da retranca do teto de gastos e foi ao ataque da gastança na busca de votos, torrando recursos que não estavam no orçamento, aumentando os gastos e reduzindo a arrecadação, uma bomba-relógio fiscal que tem prazo para estourar no último dia do mandato.


O grande problema é que, mesmo assim, a conta não fecha, porque todas estas bondades podem rapidamente perder valor se o preço internacional do petróleo e o dólar continuarem subindo, provocando aumento da inflação, o fantasma que corrói a popularidade do governo e a renda dos trabalhadores, e se recusa a voltar para o armário.


Como a oposição não poderá votar contra essas medidas, que beneficiam a população mais vulnerável, o único obstáculo para a aprovação do pacotão seria a lei eleitoral. Para se precaver de mais problemas na Justiça, no entanto, Bolsonaro já providenciou um habeas corpus preventivo com o sempre prestativo advogado-geral da União, Bruno Bianco.


Em último caso, decreta-se o estado de emergência por conta da guerra na Ucrânia. Entramos na fase do vale-tudo por um voto para evitar que a eleição seja decidida no primeiro turno, nem que seja necessário quebrar de vez o combalido Tesouro Nacional.

Gostaria muito de saber se aquele presidente do banco estrangeiro ainda acha que fez um bom negócio em 2018, ao bancar esse desastre econômico, social e humanitário. O que Paulo Guedes teria a lhe dizer hoje?

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