Queda de mortes entre outras faixas etárias joga grupo de idosos para a frente deste triste ranking. Aposta para reversão é terceira dose
Os índices atuais das vítimas da Covid-19 no Brasil vêm mostrando a desaceleração da doença, principalmente entre aqueles recém-imunizados por completo. Após figurar como principal perfil nos números de óbitos desde maio deste ano, a faixa entre 50 e 59 anos passou a ser a quarta mais afetada pela doença, segundo os registrados do último mês.
Com essa queda, porém, outra faixa etária voltou a ser a mais afetada: a das pessoas que têm entre 70 e 79 anos. Essa parcela da população não figurava em primeiro lugar no ranking desde fevereiro deste ano.
Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) apontam que, a cada cinco mortes por Covid-19 contabilizadas em agosto, uma era de alguém entre 70 e 79 anos. O levantamento foi feito pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, com base nos casos de resultado positivo para SARS-CoV-2, o vírus causador da doença.
Os óbitos entre pessoas com 70 anos vêm preocupando especialistas, pois, nas internações, o perfil dos pacientes é o mesmo; a cada cinco pessoas internadas com confirmação por Covid-19, duas tinham entre 70 e 79 anos.
“Nós imunizamos uma faixa da população e depois, devagarzinho, passamos a vacinar o restante da população. O que fez com que, com a demora, estas pessoas que estavam protegidas deixaram de estar”, explica Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Responsável pela maior parte das aplicações de doses de reforço atualmente, o estado de São Paulo vem apostando na aplicação da Coronavac como terceira dose para idosos, contrariando a recomendação do Ministério da Saúde, que indica prioritariamente o imunizante da Pfizer e, quando indisponível, o da AstraZeneca e o da Janssen. É o chamado esquema heterólogo de imunização – em que há troca da primeira vacina por uma de outro laboratório –, que começou nacionalmente nessa quarta-feira (15/9).
A vacina do laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan vem sendo alvo de debates em pesquisas, que mostram uma eficácia declinante desse imunizante em pessoas mais velhas. A vacina, entretanto, segue recomendada para o restante das faixas etárias.
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