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Foto do escritorEzio Kenedy

Falas de Bolsonaro e membros do governo revelam movimento errático sobre conflito na Ucrânia

Embora representante do Brasil na ONU tenha votado a favor da resolução que condenou invasão da Ucrânia pela Rússia, presidente e integrantes do governo não deixam isso explícito.



Embora o representante do Brasil nas Nações Unidas, o embaixador Ronaldo Costa Filho, tenha votado no Conselho de Segurança — e depois reiterado os termos do voto — a favor da resolução que condenou a Rússia pela invasão à Ucrânia, as palavras do presidente Jair Bolsonaro e de membros do governo sobre o conflito nunca deixaram totalmente clara essa posição.


Antes da eclosão do conflito, Bolsonaro chegou mesmo a manifestar solidariedade à Rússia, durante encontro com o presidente Vladimir Putin no Kremlin. Depois do início da guerra, ele desautorizou o vice Hamilton Mourão, que havia afirmado que o Brasil não era neutro no conflito — mas em seguida não deu declaração condenando a invasão.


Confira abaixo declarações de Bolsonaro e de membros do governo que revelam o movimento errático em relação à posição do Brasil sobre a invasão da Rússia pela Ucrânia.

"Entendo a leitura do presidente Putin, que ele é uma pessoa que busca a paz. E qualquer conflito não interessa a ninguém no mundo."
"Estou muito feliz e honrado pelo seu convite. Somos solidários à Rússia e temos muito a colaborar em várias áreas."

(Jair Bolsonaro, em 16 de fevereiro, para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em conversa durante encontro no Kremlin)

"Estou muito feliz, grato ao presidente russo. A gente pede a Deus que tenhamos paz na região. Até falei lá que o mundo é a nossa casa e que Deus está acima de todos. Falei a mensagem de paz. Não fomos para tomar partido de ninguém."
"[O Brasil] apela a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência e que estabeleçam, no mais breve prazo, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno."
“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade.”

(Vice-presidente Hamilton Mourão, em 24 de fevereiro, ao chegar ao Palácio do Planalto)

"Quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso — e falou mesmo, eu vi as imagens — está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa."

(Jair Bolsonaro, em 24 de fevereiro, durante transmissão ao vivo por redes sociais, sobre a declaração do vice-presidente Hamilton Mourão)

"A posição do Brasil não é de neutralidade, é de equilíbrio. Não dá para ter a posição da Otan, da Rússia, da China. A nossa posição é a posição do Brasil."

(Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, em 25 de fevereiro, ao blog de Andreia Sadi)

"Procuramos manter o espaço de diálogo, mas ainda sinalizando que o uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro não é aceitável no mundo atual."

(embaixador Ronaldo Costa Filho, 25 de fevereiro, no Conselho de Segurança da ONU, ao votar a favor da resolução que condenava a invasão da Ucrânia pela Rússia)

"Nós não vamos tomar partido. Nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível em busca da solução."

(Jair Bolsonaro, em 27 de fevereiro, durante entrevista coletiva no Guarujá, no período de folga do feriado de carnaval)

"A nossa posição no Brasil ela é de equilíbrio e não de neutralidade. Quando o presidente usou neutralidade é no sentido de imparcialidade. Não é no sentido de indiferença. A posição do Brasil é uma posição balanceada."

(Carlos França, ministro das Relações Exteriores, em 28 de fevereiro, em entrevista à GloboNews)

"A situação atual de forma nenhuma justifica o uso da força contra a integridade territorial e soberania de nenhum Estado integrante de ONU. É contra os princípios mais básicos que nós defendemos e estão na carta da ONU.”

(embaixador Ronaldo Costa Filho, em 28 de fevereiro, durante sessão extraordinária da assembleia geral das Nações Unidas sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia)

"Nós temos que ter equilíbrio. Vamos resolver o assunto, não vai ser na pancada. Afinal de contas, você está tratando com uma das maiores potências bélicas nucleares de um lado. Do outro lado, está a Ucrânia, que resolveu abrir mão de suas armas no passado. Alguns querem que eu converse com o Zelenski, o presidente da Ucrânia. Eu, no momento não tenho o que conversar com ele."

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