Vivianny foi vítima de feminicídio em outubro de 2016. Passados cinco anos, crime foi solucionado juridicamente e família destruída.
Quando Vivianny Crisley foi brutalmente assassinada, a lei que tipifica o feminicídio como crime hediondo já havia sido sancionada há um ano e sete meses. Foram 26 dias para que o seu desaparecimento fosse solucionado: do corpo desaparecido ao corpo morto, carbonizado e identificado, foram dias de angústia e desespero. Vivianny entrou pra estatística dos dois casos de feminicídios registrados em outubro de 2016. Passados cinco anos, um crime solucionado e uma família destruída, os casos cresceram cerca de 50%.
A lei nº 13.104 data o dia 9 de março de 2015. Ela foi assinada pela então presidenta Dilma Rousseff. O feminicídio passou a ser qualificado como crime hediondo, sendo entendido como um um crime contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Para tanto, o crime tem característica de violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Vivianny foi a segunda mulher morta por motivação de gênero no mês de outubro de 2016, mas fez parte de uma estatística muito maior: em todo o ano, 24 mulheres foram mortas por companheiros ou familiares. O número se torna ainda mais triste quando analisado cinco anos depois. Em 2020, as estatísticas cresceram 50%, saltando para 36 casos de feminicídios registrados. Enquanto isso, o ano de 2021 ainda não terminou e, de janeiro a setembro, 26 mulheres já foram assassinadas e os crimes seguem sendo investigados como feminicídios. O número já é superior a todo o ano de 2016, o que nos mostra que o ciclo de crescimento desta violência não vem sendo quebrado, mesmo cinco anos depois, apesar de uma lei que aumenta em um terço a pena de um assassinato, quando qualifica-se como feminicídio.
Vivianny morreu porque queria ir para casa
Quando uma mulher diz não, só há um entendimento a respeito: não. A compreensão de que há um “jogo” por trás de diálogos entre homens e mulheres provocam uma série de problemas, como machismo, misoginia e até feminicídio.
Vivianny Crisley disse não. E foi morta, brutalmente assassinada.
Segundo a polícia, Vivianny passou a noite do dia 19 de outubro de 2016 em um bar no bairro dos Bancários, em João Pessoa, com uma amiga, em uma mesa, enquanto os três suspeitos estavam em outra mesa. "No final da festa, a amiga de Vivianny tentou chamar a jovem para ir embora, mas ela resolveu ficar. Minutos depois, de acordo com as imagens das câmeras do local, Vivianny Crisley saiu com Allex e outros dois colegas, Juninho e Bebé", disse o delegado responsável pelo caso na época, Reinaldo Nóbrega.
O trio suspeito do crime - Juninho, Allex e Bebé - conheceu Vivianny na noite do crime, no bar em que eles estavam e de onde saíram de carro para procurar outro lugar onde encerrar a noite. Conforme os relatos no julgamento, como não acharam outro bar aberto, foram para a casa de Juninho, em Bayeux, próximo ao local onde o corpo de Vivianny foi encontrado.
Segundo os próprios suspeitos, Juninho e Allex entraram na residência, enquanto Vivianny e Bebé ficaram dentro do carro. Vivianny não queria estar ali, mas quando pediu para ir para casa e foi contestada, gritou. Juninho e Allex então teriam saído da casa com chaves de fenda e atacaram Vivianny.
De acordo com o promotor de Justiça Márcio Gondim, os acusados "mataram por vontade de matar". Para a promotoria, Vivianny foi golpeada no pescoço e na cabeça com uma chave de fenda pequena e com outra ferramenta maior, uma chave-estrela. Tudo isso dentro do carro, porque ela queria ir embora.
Após matá-la, eles tiraram gasolina de uma moto, colocaram um pneu de bicicleta em cima do corpo e atearam fogo.
Fonte: G1_Paraíba
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